1. O vosso fundador Dr. Paul Janssen foi um dos cientistas mais inovadores do século XX. De que forma a companhia mantem vivo o seu legado?
Continuamos a olhar para a inovação como uma prioridade geradora de valor para os doentes e para a sociedade. Uma prioridade traduzida nos cerca de 8 mil milhões de dólares que todos os anos investimos globalmente em investigação e desenvolvimento e que permitem resultados que fizeram da Janssen, em 2018, uma das três empresas mais inovadoras do setor a nível mundial.
Honramos o legado de Paul Janssen ao termos um dos pipelines e portfolios mais diversificados e inovadores da Indústria Farmacêutica, que atende às necessidades médicas não preenchidas, faz a diferença na vida dos doentes e é amplamente reconhecido a nível global.
Na investigação de novos medicamentos quais os fatores principais que são tidos em conta? De que forma podem trazer benefícios à sociedade?
Desde 1990, os medicamentos inovadores evitaram em Portugal mais de 110 mil mortes e a esperança de vida foi prolongada até 10 anos. Este é um dado de um estudo recente da McKinsey feito em Portugal em oito áreas terapêuticas e que demonstra uma pequena parte do benefício para a sociedade. Na realidade, o benefício é muito maior e resulta da investigação feita no setor que hoje, para além da tecnologia e know-how internos, assenta em parcerias a nível global.
A produção de inovação científica na Janssen passa por modelos colaborativos e abertos, envolvendo a academia, os centros de investigação, empresas de biotecnologia, outras companhias da indústria farmacêutica, entre outras entidades de todo o mundo.
Na Janssen estamos em permanente screening à escala global, à procura da melhor ciência e das melhores soluções terapêuticas, através de quatro centros de inovação, que complementam os nossos dez pólos de Investigação dedicados ao desenvolvimento interno de novos medicamentos.
A ideia é identificarmos oportunidades de parceria no desenvolvimento de novas tecnologias que possam resultar em inovação transformacional, geradora dos tais benefícios que o estudo refere para a sociedade e para os doentes
2. A humanização é o tema central desta conferencia, nesse sentido como acha que pode uma empresa implementar uma cultura centrada nas pessoas?
A inovação e o foco nas pessoas são duas características essenciais que marcam a identidade e a cultura da Janssen e do grupo Johnson & Johnson de que fazemos parte. Só centrados no doente podemos tratar, curar, evitar e prevenir algumas das doenças mais impactantes da nossa era.
Desde há muitos anos que incorporamos contributos dos doentes no desenvolvimento de novos medicamentos. Daí que a tendência que hoje se procura de humanizar e centrar o sistema no cidadão nos pareça bastante natural. “Nada sobre nós, sem nós”, uma máxima que também seguimos para a cultura interna da organização, por acreditarmos que são os colaboradores que melhor sabem o que precisam e o que a companhia pode ser. É por isso que envolvemos os nossos colaboradores em vários momentos estratégicos, no seu próprio desenvolvimento enquanto profissionais e no impacto que geramos na comunidade.
3. Em que medida os valores da Janssen podem contribuir para um mundo melhor?
Enquanto companhia farmacêutica do grupo Johnson & Johnson partilhamos todos o mesmo Credo, um documento com 75 anos que nos serve de bússola. Nele está inscrito que “Cremos que a nossa primeira responsabilidade é para com os doentes, médicos, enfermeiros, para com as mães e pais e todos os que usam os nossos produtos e serviços.” Também refere que “somos responsáveis perante a comunidade onde vivemos e trabalhamos, bem como perante a comunidade mundial.” É nisso que nos baseamos.
A Janssen Portugal, enquadrada neste espírito, está empenhada na diferença que pode fazer na vida dos portugueses, no impacto positivo que pode gerar no país, na responsabilidade que tem para com os profissionais de saúde, bem como no desenvolvimento profissional e pessoal dos seus colaboradores. Estes são valores que sem dúvida criam um país e um mundo melhor.
Mas deixe-me dar-lhe um exemplo concreto e nem sempre tão presente: enquanto parte do grupo Johnson & Johnson, queremos ser a companhia mais saudável, com os colaboradores mais saudáveis e temos vários programas em curso. Este exemplo desafia-nos a todos e a que outros e outras empresas nos sigam. E se nos seguirem estaremos, também por esta via, a construir um mundo melhor. Só depende de cada um de nós.
4. No que diz respeito a inovação, qual o papel que esta assume na estratégia da empresa?
Globalmente, investimos em Investigação e Desenvolvimento mais 88% do que em vendas e marketing, o que demonstra bem o papel basilar que a inovação tem na nossa estratégia.
Para a Janssen, a inovação é fundamental para a melhoria da saúde da população e enquanto empresa só crescemos porque criamos valor, porque nos diferenciarmos e porque fazemos a tal diferença na vida de milhares de doentes e das suas famílias.
Atualmente, onze fármacos desenvolvidos pela Janssen estão incluídos na lista de medicamentos considerados essenciais pela Organização Mundial de Saúde. Muitos fármacos da companhia ocuparam as primeiras posições nesta lista da OMS dentro da sua especialidade e serviram de modelo inspirador na investigação de outros produtos dentro das mesmas áreas terapêuticas. Se a inovação não fosse um pilar estratégico nunca teríamos alcançado este reconhecimento.
5. Como prevê que seja o futuro da saúde em Portugal?
Espero que evolua para um modelo que assegure melhor acesso à inovação e aos cuidados de saúde, com maior equidade e transparência. Um modelo assente na avaliação e incentivo para os prestadores que apresentem melhores resultados, o que gerará um aumento da adopção da inovação que verdadeiramente aporte valor para o doente.
Espero que evolua ainda para um maior foco nos doentes, que privilegie aquilo que consideram valorizável.
Num futuro próximo o mundo dos cuidados de saúde será constituído por doentes mais informados, que exigirão ter acesso aos melhores cuidados e as novas tecnologias estarão cada vez mais integradas na prestação dos cuidados de saúde.
Será, seguramente, um mundo mais complexo e mais tecnológico, no qual será essencial a todas as entidades trabalharem lado a lado. Acreditamos que a Janssen trará valor nessa equação. Só assim, juntos, poderemos contribuir para a melhoria e sustentabilidade do sistema, com maior equidade na sociedade.