Há cerca de 3 semanas li num conhecido jornal as seguintes declarações do Eng.º Belmiro de Azevedo “os salários só podem aumentar- e oxalá isso aconteça- quando, de facto, um trabalhador português fizer uma coisa igual, parecida, com um trabalhador alemão ou inglês, seja o que for“. Na entrega de diplomas na Porto Business School, o fundador da Sonae defendeu, e bem a meu ver, que a competitividade deve ser estimulada através da “educação das pessoas e aquisição de máquinas corretas“. Pois bem, concordo absolutamente com o tema da educação das pessoas, penso contudo que deveríamos acrescentar algo mais na definição de quem são estas “pessoas” que devem ser educadas…
Para abordarmos a fundo o problema da competitividade das empresas e do país, será que o primeiro grande responsável é o trabalhador ou o gestor? Numa conferência em São Paulo, Larry Page fundador da Google, revelava qual a sua opinião sobre o fracasso das empresas “A principal razão que faz as empresas falharem, na minha visão, é que elas perdem o futuro“, disse o homem que lidera o gigante mundial Google.
Se pegarmos nas palavras de Larry Page sobre as empresas que “perdem o futuro”, esta reflexão leva-nos diretamente para o centro de toda a decisão, leva-nos a focar naqueles que são os grandes responsáveis por criar, inspirar, indicar um caminho e partilhar uma visão na organização: os Líderes. O problema estará portanto no TOPO e não no fundo.
Muitos dos supostos líderes de hoje continuam a ser os patrões, ou os gestores que não desenvolvem a mínima capacidade de liderança, muitos são aqueles que sempre fizeram igual e que continuam hoje em dia a fazer o mesmo, querendo dessa forma obter resultados diferentes.
Sobre liderança, deixo alguns daqueles que considero serem alguns dos principais erros:
1# ENTENDER A GESTÃO COMO LIDERANÇA
“Mindset vs. Heartset”
“Gerir pessoas é muito difícil”, já ouviu isto em algum lado? Aposto que sim! Um dos erros mais comuns é pensarmos que a folha de excel, a correta definição de procedimentos, resolve as questões de liderança. Se a organização, método, rigor, mapas de gestão, indicadores, etc, são muito importantes, o envolvimento e relação com os colaboradores e toda a estrutura de uma empresa é fundamental. Invista na proximidade, dedique algum tempo aos seus colaboradores, lembre-se que relação gera confiança, e sem esta ultima não existe Líder.
Para além de um Mindset das equipas, será que temos claro o seu Heartset?
2# CONTRATAR RÁPIDO, DESPEDIR LENTO
“Pessoas certas nos lugares certos”
Muitas das vezes tomamos decisões de contratação demasiado rápidas e pouco ponderadas. Durante a minha experiencia de Diretor Comercial, percebi que um dos erros que cometia a determinada altura, tinha que ver com a ansiedade na contratação de comerciais para as equipas de vendas. A pressão de obter resultados pode levar a decisões rápidas e menos ponderadas, a questão que se coloca é se podemos definir o custo de uma má contratação (por ex. alguém que pode ser excelente mas está desenquadrado)
No que diz respeito ao libertar alguém da empresa, confesso que a ligação emocional e por vezes a esperança de que o colaborador “um dia mude de comportamento”, nos leva muitas das vezes a adiar o que é óbvio… sendo certo que uma mudança interna para outro sector ou área de negocio pode ser uma solução boa para todos, empresa e colaborador.
3# FOCAR-SE NAS TAREFAS E NÃO NOS RESULTADOS
“Nada é mais fácil do que ser ocupado, nada é mais difícil do que ser eficaz.”
No inicio da minha carreira, passei por um período de imenso trabalho, um enorme número de tarefas que deveria realizar, uma agenda preenchidíssima, vivia com olhar muito ocupado e abatido, cinzento… na relação com a minha equipa sentia “que eu tenho tanta coisa para fazer que nem sequer tem cinco segundos para falar contigo“, nessa altura como líder, nunca tinha tempo para me concentrar em resultados reais, para ouvir as pessoas, vivia ocupado em resolver problemas.
Os excelentes processos acontecem quando conseguimos ter excelentes equipas e colaboradores alinhados, para isso necessitamos de tempo para as pessoas! Esta é a grande diferença do Chefe (focado na tarefa) para o Líder (focado nos resultados).
4# INFORMAR EM VEZ DE COMUNICAR
“Comunicar significa colocar em comum”
Muitas das reuniões de equipa iniciam e terminam com um único emissor: o gestor. Um empresário dizia sobre a sua forma de liderar “a mim os meus colaboradores não me ensinam nada!”. Aqui está a ideia peregrina: eu sou o maior, falo mas não ouço! O chamado “líder celebridade”, que tem frases como “o pessoal está aqui para trabalhar, não é para ter ideias”, são o dia-a-dia neste registo de chefe.
A nível organizacional este é um dos erros mais comuns, até por força da pressão e necessidade de comunicar rápido, decidir já, obter resultados imediatos. Para comunicarmos de forma efetiva, há que adaptar a mensagem ao publico alvo e sobretudo perceber que para comunicar é necessário emitir e receber.
5# FALTA DE CRIATIVIDADE E VISÃO
“A missão do líder é concretizar a visão em realidade”
O Líder é inspirador quando é criativo e partilha a sua visão com os demais. Quando John Scully, Michael Spindler e Gil Amelio se tornaram os três CEOs sucessivos da Apple no início dos anos 90, a empresa teve nessa altura os seus piores anos. Porquê? Todos eram bons gestores mas simplesmente não trouxeram ideias inovadoras. O grande salto deu-se quando Steve Jobs regressou a Apple, e porquê? Porque Steve Jobs era um líder de ideias, com uma visão clara e partilhada, sonhava com uma marca que despertasse paixões, transmitia aos seus colaboradores “que o objetivo da Apple é ter fãs e não clientes”.
6# DESENVOLVIMENTO PESSOAL
“O fraco rei, faz fraca a forte gente”
O potencial de uma equipa será sempre limitado (ou desenvolvido) pela capacidade da sua liderança. Alguém que queira vencer hoje, necessita de se desenvolver pessoalmente, ler mais, acrescentar conhecimento, evoluir, questionar as certezas instaladas, e colocar em prática as mudanças, arriscar, crescer como pessoa.
A auto evolução permite ao líder desenvolver a sua auto confiança, podendo desta forma delegar na equipa sem se sentir ameaçado, apoiar os colaboradores no crescimento dentro da organização, ajudar a criar mais líderes e não mais seguidores.
Temos a tendência a pensar (erradamente) que conhecimento é sabedoria, que experiência é mestria, e que idade significa maturidade.
7# PENSAR E AGIR SOZINHO
“Sozinhos vamos mais rápido, juntos chegamos mais longe”
Mais importante que resolver problemas é encontrar soluções, e a melhor forma para o fazer é através do trabalho em equipa. Quando se fala de Empowerment , estamos a falar na capacidade de envolver os colaboradores na busca de soluções, partindo dum principio que várias cabeças pensam mais e melhor do apenas uma só.
A motivação de uma equipa estará sempre ligada ao compromisso e ao propósito que cada elemento assume nas suas funções dentro de uma organização.
Ao líder, cabe assim a responsabilidade de partilhar as responsabilidades mas também os sucessos, e a visão do que pretende para o futuro.” font_container=”tag:h6|text_align:justify|color:%23101828″ google_fonts=”font_family:Lato%3A100%2C100italic%2C300%2C300italic%2Cregular%2Citalic%2C700%2C700italic%2C900%2C900italic|font_style:400%20regular%3A400%3Anormal”][iconbox icon=”wi-download-cloud” i_color=”#f37c21″ title=”Artigo disponível para download!” t_color=”#f37c21″ button_text=”Faça o download do artigo aqui” button_color=”#f37c21″ link=”http://powercoaching.pt/2017/wp-content/uploads/2017/05/Artigo-VE-7ErrosLiderança.pdf” change_hover=”yes” hover_i_color=”#101828″][/iconbox][/vc_column][/vc_row]